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Alegria da supersafra e decepção do déficit da armazenagem de grãos

Jachsson Beal

O potencial de armazenamento precisa acompanhar o crescimento da produção, para

evitar as perdas que desestimulam quem quer produzir


No Brasil, os impressionantes números de colheitas recordes e exportações consideráveis convivem com um desafio crítico que afeta a estabilidade e o crescimento sustentável do nosso agro: o déficit de armazenagem de grãos. A situação, que se agrava ano após ano, preocupa produtores, empresas e entidades ligadas ao setor.

 

Na projeção da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB para a safra de grãos 2024/25, o País colherá um volume total de 322,5 milhões de toneladas de grãos. Isso corresponde a um aumento de 8,2% em relação à safra anterior e representa aproximadamente de 24,6 milhões de toneladas. O maior crescimento é esperado para a área semeada de arroz, seguido por feijão, soja e milho.

 

O avanço reflete a expectativa de recuperação na produtividade média das lavouras do País. No geral, os agricultores semearam ao longo deste ciclo 81,4 milhões de hectares, ante os 79,9 milhões de hectares cultivados em 2023/2024. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos - ABIMAQ, o déficit de capacidade estática de armazenagem de grãos deve ultrapassar 118 milhões de toneladas para essa safra. 

 

Neste artigo, vamos nos deter aos dados referentes à soja e ao milho, principais ingredientes das rações para aves e suínos. Para a soja, as projeções levam para um aumento na área plantada em torno de 2,6%, chegando a 47,4 milhões de hectares destinados à cultura e uma recuperação na produtividade média das lavouras de 9,6%. Esse cenário aponta para uma produção estimada em 166,1 milhões de toneladas. As condições climáticas, no período inicial, favoreceram as atividades de preparo do solo e a semeadura.

 

No caso do milho, a área deve permanecer estável em torno de 21,0 milhões de hectares. Com estimativa de recuperação na produtividade, a safra total deve chegar a 119,8 milhões de toneladas. No primeiro ciclo de plantio do cereal, as operações de preparo de solo e semeadura foram intensificadas e favorecidas pelas boas condições climáticas nas principais regiões produtoras.

 

Nossa capacidade de armazenagem de grãos não condiz com o aumento na produção e, dentro do que existe para armazenar, muitas unidades são antigas, contam com mais de 20 anos de instalação, equipamentos defasados pelo tempo e pela tecnologia. Se, por um lado os investimentos em tratores, colheitadeiras e outros implementos, que já contam com sensores de última geração, recebem boa atenção dos produtores, a área de armazenagem, que é onde eles vão guardar seu patrimônio colhido, não tem recebido a mesma valorização.

 

A capacidade de armazenagem agrícola nacional avançou e, segundo levantamentos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, chega a 222,3 milhões de toneladas. Esse potencial (insuficiente), avaliado somente em relação aos volumes esperados da atual safra de milho e soja somados (285,9 milhões de toneladas) apresenta uma deficiência de 63,6 milhões de toneladas e chega a quase 120,0 milhões de toneladas quando acrescentamos os volumes de arroz, trigo, sorgo, cevada, feijão, café e outros

 

Os poderes constituídos, as organizações, instituições de crédito, os produtores e as entidades representativas precisam unir forças para implantar um plano robusto, voltado a facilitar a vida de quem deseja investir em armazenagem. A capacidade estática de armazenamento precisa acompanhar o crescimento da produção brasileira, para evitar o alto desperdício e as perdas significativas que desestimulam quem quer produzir.

 

(Fonte: CONAB – IBGE – Adaptado pela Equipe Meu Agro)

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