Clima coloca em risco as colheitas globais e a segurança alimentar
- Jachsson Beal
- 9 de mar.
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Jachsson Beal

Para garantir o sistema alimentar no futuro, é preciso mitigar as mudanças climáticas, se adaptar aos efeitos e agir diante dos desafios
Cada vez mais frequentes, fenômenos como tempestades, enchentes, incêndios florestais e secas, aliadas ao aquecimento global estão transformando a rotina das populações em diversas regiões do planeta. Sobre estes assuntos, uma recente pesquisa publicada na revista Nature Food alerta que, caso a temperatura global aumente mais de 1,5ºC, a segurança alimentar pode ser gravemente comprometida devido à redução na diversidade das culturas agrícolas.
O trabalho, feito por pesquisadores da Universidade Aalto, instituto público de pesquisa localizado em Espoo, Finlândia analisou como as mudanças previstas de temperatura, precipitação e aridez afetarão 30 das principais espécies de cultivos alimentares ao redor do mundo. A conclusão é alarmante: regiões de baixa latitude, como a África Subsaariana e partes da América Latina, serão as mais impactadas, com até metade de sua produção agrícola em risco. Isso ocorre porque essas áreas se tornarão inadequadas para a produção de alimentos básicos, levando a uma perda significativa na diversidade de cultivos.
Culturas fundamentais para a dieta global, como arroz, milho, trigo, batata e soja, que representam mais de dois terços da ingestão calórica mundial, enfrentarão dificuldades. Alimentos essenciais para regiões de baixa renda, como o inhame e cereais tropicais, serão particularmente vulneráveis. No pior cenário, se o aquecimento global ultrapassar 3°C, cerca de 75% da produção de alimentos na África Subsaariana estará ameaçada.
Enquanto isso, países de latitudes médias e altas provavelmente manterão sua capacidade produtiva, embora as zonas de cultivo de determinadas culturas mudem. Algumas regiões podem até se beneficiar com o aumento da diversidade de cultivos, tornando-se aptas para a produção de frutas temperadas, como peras. No entanto, fatores como o surgimento de novas pragas e eventos climáticos extremos podem comprometer esse benefício aparente.
A vulnerabilidade das regiões de baixa latitude está relacionada não apenas às condições climáticas, mas também a desafios estruturais e econômicos. Apesar disso, algumas medidas podem amenizar os impactos do aquecimento global na agricultura. O aumento do acesso a fertilizantes e irrigação, a redução de perdas na cadeia produtiva e o desenvolvimento de variedades de culturas mais resistentes são soluções possíveis.
Para os países de latitudes mais altas, a adaptação também será essencial. A flexibilização nas práticas agrícolas e o desenvolvimento de políticas públicas que auxiliem na transição das culturas serão fundamentais para garantir a estabilidade alimentar global. Embora os impactos mais severos ocorram nas regiões tropicais, a interconexão do sistema alimentar global significa que todos sentirão as consequências das mudanças climáticas na produção de alimentos. Políticas climáticas eficazes são essenciais para mitigar os efeitos do aquecimento global.
“Se queremos garantir nosso sistema alimentar no futuro, precisamos tanto mitigar as mudanças climáticas quanto nos adaptar aos seus efeitos”, afirma Sara Heikonen, pesquisadora líder do estudo. “Mesmo que as maiores mudanças ocorram nas regiões equatoriais, todos sentirão os impactos através do sistema alimentar globalizado. Precisamos agir juntos para enfrentar esses desafios”.
No Brasil as mudanças climáticas afetam as lavouras, criações e a produção de alimentos de várias formas, provocando quebra de safra, perda de produtividade nas lavouras e na produção animal, aumento de custos, infestação de pragas e doenças, degradação do solo, desvalorização de terras e pressões para migrações do meio rural para os centros urbanos.
(Fonte: Natural Earth – Adaptado pela Equipe Meu Agro)
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