Derivados de nutrição animal das usinas de etanol de milho: uma realidade brasileira
- Ideraldo Luiz Lima
- 2 de jul. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de jul. de 2024

Ideraldo Luiz Lima
Com mais de 30 anos dedicados à nutrição animal de aves e suínos em grandes, médias e pequenas empresas, o zootecnista Ideraldo Luiz Lima, doutor em nutrição animal, pós-doutorado pela Universidade Federal de Viçosa/MG, com pesquisas dos derivados de nutrição animal das indústrias de etanol, passa a integrar nosso time de colunistas a partir da presente publicação e comenta sobre o tema do título deste artigo:
“É uma satisfação fazer parte da Equipe Meu Agro e comentar a respeito dos derivados de nutrição animal das usinas de álcool de milho, instalações que existem há décadas nos Estados Unidos. O Brasil, tradicionalmente produz etanol de cana de açúcar, sendo que a primeira usina a processar também milho foi instalada no Mato Grosso há pouco mais de dez anos, na modalidade flex. Assim, incorporou-se à usina de cana um módulo de moagem de milho para os períodos de entressafra da cana de açúcar. Com isso, surgiu um coproduto conhecido pela sigla em inglês – DDGS - Dried Distillers Grains with Solubles, que se traduz como grãos secos de destilaria com solúveis. No segundo momento, surgiram as usinas DDG full, que produzem somente álcool a partir de milho e são as mais expressivas em volume de produção, tanto de etanol como dos derivados de nutrição animal. Existem, ainda, as chamadas flex full, usinas que moem cana e milho, de forma concomitante na safra da cana e, posteriormente, somente o milho. Estimativas do IMEA - Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária apontam que 18% do total de etanol produzido no Brasil usa milho, em 24 usinas concentradas principalmente em Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Para o interesse da nutrição, o bagaço de cana era considerado um subproduto usado na alimentação de animais ruminantes, geração de vapor para a própria usina ou produção de energia elétrica. Com a usina moendo milho, o coproduto possui alto valor nutricional e pode ser parte de diversas rações, dependendo das características nutricionais proporcionados pelos processos, desde a seleção do milho na aquisição passando pelo cozimento, pela fermentação, destilação, incorporação ou não da fração solúvel, secagem e o armazenamento. As usinas tradicionais produzirão de forma resumida apenas um produto seco, o DDGS já mencionado, mas a incorporação de algumas tecnologias diferenciadas gerará produtos mais qualificados e segregados para as espécies animais. O DDG HP (DDG de Alta Proteína) e o farelo de milho com solúveis são exemplos desta qualificação dos coprodutos. Falaremos mais destes nas próximas publicações, mas de maneira simplificada o DDG HP concentra alto grau de proteína com elevado grau de extrato etéreo e menor conteúdo de fibra comparado aos DDGS. Já o farelo de milho com solúveis concentrara a fibra e receberá a fração solúvel, que no DDGS está incorporada”.
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