Diálogo, respeito mútuo e qualificação são pilares da sucessão familiar rural
- Jachsson Beal
- 14 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Jachsson Beal

Comunicação assertiva, consideração recíproca e competência de gestão
devem servir de base para o processo sucessório
A agropecuária, setor que engloba agricultura e pecuária, é um dos mais importantes motores a impulsionar a economia brasileira. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023 a categoria contribuiu com aproximadamente R$ 720 bilhões para o Produto Interno Bruto (PIB), movimentou R$ 2,45 trilhões no segmento industrial e cerca de R$ 7,73 trilhões no âmbito de serviços.
Promover a sustentabilidade das atividades desenvolvidas no campo envolve, entre outros fatores, o conceito de sucessão familiar, que garante a continuidade dos negócios e preserva o conhecimento adquirido ao longo de gerações. Trata-se de um processo essencial para manter a estabilidade econômica e a inserção de tecnologia, buscando práticas mais eficientes e sustentáveis, voltadas à produtividade e qualidade de vida das famílias rurais.
Estudos comprovam que a passagem da gestão de geração para geração é uma forte característica das famílias que atuam no meio rural e a hora da troca na gerência é um fator determinante e, muitas vezes, conflitante. As pessoas mais velhas foram criadas de uma forma tradicional, conservadora e metódica enquanto as gerações atuais se mostram abertas ao novo, à evolução e modernização.
Diferenças de princípios ou valores, quando mal interpretadas, são causas de conflito geracionais, divergências que podem ser profundas e difíceis de reconciliar, tornando-se um forte motivo do insucesso na sucessão. Para mitigar essas dificuldades, o apoio de um mediador familiar pode ser necessário mas, de qualquer forma, aconselha-se que o processo sucessório ocorra enquanto os fundadores estejam vivos, criando uma sociedade entre irmãos baseada em créditos comuns, humildade, transparência, comunicação eficaz, respeito e um propósito compartilhado.
Outro fator que causa turbulências é a mudança estrutural da sociedade – a hierarquia e liderança deixam de ter a idade como principal critério e passam a ter na capacidade as suas definições, derrubando a antiga concepção de que para subir na carreira e liderar era imprescindível um longo tempo de experiência, a ideia de esperar a sua vez.
Uma comunicação aberta e transparente entre as partes é primordial para o início do planejamento sucessório, considerando a experiência dos mais velhos e os conhecimentos modernos adquiridos pelos mais novos. A reciprocidade de consideração entre os familiares envolvidos no processo é fator determinante e a capacitação sobre novas tecnologias ajudam a diminuir a resistência e facilitar uma inserção gradual da inovação como objeto de trabalho.
Manter a mentalidade aberta é essencial para garantir a longevidade dos negócios familiares e a competitividade no mercado global, uma vez que, com a integração correta e a tecnologia podem transformar o agronegócio, proporcionando mais eficiência e sustentabilidade.
Bem planejada, a sucessão familiar rural impacta diretamente a população, uma vez que a agropecuária é responsável pela produção de alimentos e matérias-primas que abastecem o mercado consumidor. Apesar da importância de tratar o negócio familiar como algo separado das emoções parentais, é um privilégio ser parte de uma empresa familiar e conseguir - a partir de uma sucessão bem-organizada e, consequentemente, bem-sucedida - contar a história da sua família para o mundo.
A revolução tecnológica é uma realidade no universo agropecuário, impacta na forma de planejar o processo sucessório e gerenciar conflitos geracionais, mas existem caminhos para a conciliação: a primeira orientação é o diálogo entre pais e filhos sobre a melhor forma de assegurar o futuro da propriedade. A segunda é o respeito mútuo e a terceira a qualificação.
O sucessor deve ser alguém de consenso da família, contar com o apoio e ser incentivado por todos para fazer um curso técnico, de nível médio ou superior, em veterinária, agronomia, zootecnia ou áreas afins e apresentar competência comprovada, para atuar de forma eficaz na gestão dos negócios e promover a felicidade no âmbito familiar.
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