Gigante do varejo francês anuncia bloqueio às carnes do Mercosul
- Jachsson Beal
- 25 de nov. de 2024
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Jachsson Beal

Em tentativa de aceno ao produtor do seu país, o Carrefour resolveu boicotar
a compra da proteína do bloco para as lojas da França
No dia 20 de novembro de 2024, o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, decidiu compartilhar em suas redes sociais que a rede varejista não compraria mais carnes vendidas pelo Mercosul, bloco formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O posicionamento, argumentou em nota feita para ao sindicato agrícola francês, era em solidariedade aos protestos dos agricultores locais contra o acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia.
“Em toda a França, ouvimos a confusão e a raiva dos agricultores em relação ao projeto de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul e ao risco de transbordar no mercado francês de uma produção de carne que não respeita suas exigências e padrões”, escreve Bompard. “É fazendo um bloqueio que podemos tranquilizar os produtores franceses. No Carrefour, estamos prontos para isso”.
A medida intensifica a pressão francesa contra o acordo de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que enfrenta crescente resistência e parece cada vez mais distante de ser concretizado. Por outro lado, frigoríficos brasileiros pararam de fornecer carnes ao Grupo Carrefour no Brasil – formado por Carrefour, Sam’s Club e Atacadão, após a decisão da rede na França de não vender mais o produto do Mercosul. Informações dão conta que a decisão da indústria foi endossada pelo governo, que cobrou do setor uma “ação enérgica” contra o boicote da empresa. Entre os frigoríficos que aderiram à interrupção estão a JBS, a Marfrig e o Masterboi.
Em nota, o Carrefour afirmou que a medida anunciada se aplica apenas às lojas na França. “Em nenhum momento ela se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em um contexto de crise”, disse.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) repudiou o posicionamento do CEO do Carrefour, afirmando que o Brasil possui um "rigoroso sistema de Defesa Agropecuária, que assegura ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo, mantendo relações comerciais com aproximadamente 160 países".
A avaliação de Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), é de que a Europa depende mais do Brasil, do que nosso País do Velho Continente. “A Europa é rica, mas tem muita gente pobre que precisa dessa proteína. O Brasil complementa essa necessidade, e gera equilíbrio de mercado e segurança alimentar. Queremos continuar a fazer essa parceria com processadores e consumidores europeus. Mas se pararem de comprar, aconteceria pouca coisa para nós”, afirmou.
Santin ponderou que o maior peso nessa relação é do laço histórico de cooperação, uma vez que as vendas para a Europa não seriam essenciais ao país. Ele aponta que enquanto o Brasil trabalha para expandir suas fronteiras, a França se fecha em um “protecionismo retrógrado”. “A leitura é de uma atitude infeliz, desprovida de base de verdade. As nossas carnes alimentam a Europa há anos em uma complementaridade positiva”, concluiu.
(Fonte: MAPA – ABPA – Adaptado pela Equipe Meu Agro)
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