Habilidades essenciais no gerenciamento de crises sanitárias (1)
- Paulo Emilio Lesskiu
- 27 de jan.
- 3 min de leitura
Paulo Emilio Lesskiu

Gerenciar uma crise envolve conhecimento técnico, análise, atuação em equipe,
comunicação eficiente, disciplina e planejamento estratégico
Ao longo da minha carreira tive a oportunidade de vivenciar crises de diferentes naturezas. Como médico veterinário, lidar com desafios sanitários fazem parte da rotina, visto que atuando em produção animal o foco na sanidade dos rebanhos e na segurança sanitária dos alimentos e, por consequente, os consumidores é o principal objetivo.
Nesse contexto, as emergências ou desafios sanitários podem ser encarados como crises dentro de uma organização, dependendo da relevância do assunto e dos impactos no negócio. Comumente, os profissionais a campo deparam-se com situações de surtos de doenças, não atendimento de requisitos de mercado levando a prejuízos econômicos, desvios na produção que levam à perda do controle do processo e emergências sanitárias, envolvendo agentes de importância em saúde pública.
Cabe citar também a mais recente crise sanitária mundial, que foi a pandemia de Covid 19, a qual nos deixou uma série aprendizados. Numa série de 2 artigos irei abordar as competências necessárias para liderar situações envolvendo emergências e desafios sanitários, dividindo com os leitores um pouco das minhas memórias sobre o tema. Segundo o Dicionário Aurélio, a definição de crise é: “Momento perigoso ou difícil de uma evolução ou de um processo; período de desordem acompanhado de busca penosa de uma solução”.
Entende-se por gerenciamento de crise o conjunto de procedimentos e ações que devem ser adotados com objetivo de minimizar impactos negativos e identificar oportunidades de melhoria de imagem e reputação em uma empresa ou instituição. Gerenciar uma crise é complexo, e exige dos profissionais uma série de competências como comunicação eficiente, conhecimento técnico, habilidade de trabalhar em equipe, capacidade analítica, planejamento estratégico e disciplina na execução das ações.
Importância da comunicação no gerenciamento de crises - A informação é a base para a tomada de decisão, portanto, qualquer movimento de contenção de riscos ou ações preventivas advém de alguma informação, seja ela um resultado positivo para alguma enfermidade, ou a confirmação de um desvio de processo com comprometimento do mercado ou cliente. Diante dessa situação, a primeira dúvida a qual o profissional se depara é a quem deve se reportar? Quais pessoas dentro da organização devem estar envolvidas? Órgãos oficiais ou entidades ligadas ao setor devem ser notificados? Quais informações ou procedimentos devem ser executados imediatamente?
A adoção de planos de contingência sanitária são fundamentais para que emergências sanitárias possam ter seus impactos mitigados, e as causas controladas. Esse documento deve auxiliar a empresa e produtores no enfrentamento da emergência, definir papéis e responsabilidades das equipes, de líderes e todos os elos da cadeia que devem ser envolvidos na cascata de comunicação.
Para aquelas empresas que não possuem, recomendo fortemente que o façam, pois elaboração, treinamento e mapeamento de todos os cenários possíveis consumirá um tempo considerável da rotina das equipes, além de todo o treinamento necessário. Ainda a discussão de cenários de crise de acordo com a realidade de cada empresa, auxiliará na mitigação dos efeitos danosos de um grande problema.
Repassar as informações corretamente exige que os profissionais envolvidos se comuniquem de forma clara e eficaz mesmo diante da complexidade da situação, entendam e repassem as informações e diretrizes conforme os prazos estipulados, assim como adaptem a sua linguagem para os diferentes públicos envolvidos, superando eventuais resistências dos interlocutores.
Conhecimento técnico e trabalho em equipe - Numa emergência sanitária, líderes, equipe técnica e produtores devem atuar lado a lado. A independência e autonomia da equipe técnica deve ser preservada, a fim de que as melhores medidas corretivas e preventivas sejam implantadas. Da mesma forma que os procedimentos investigativos da ocorrência precisam iniciar imediatamente.
Nessa situação, reunir profissionais que conheçam a fundo a realidade local e dominem tecnicamente os assuntos devem ser incluídos no processo. Decisões rápidas e estratégicas precisam ser tomadas, pautadas no conhecimento técnico das equipes envolvidos e do previsto no plano de contingência.
Dos profissionais envolvidos requerem-se saber compartilhar, colaborar e articular positivamente as ações previstas no plano, promover a interação entre os diferentes grupos envolvidos, assim como empoderar e energizar as pessoas para que façam o seu melhor, mesmo diante de um cenário adverso. Por fim, gerenciar uma crise em sua essência é gerir pessoas, que através delas chegarão as causas e ações para controle das situações adversas. Treinar, treinar e treinar: essa receita continua sendo a mais indicada, sempre.
Gostou desse artigo? Acompanhe a próxima publicação, onde abordarei outras habilidades essenciais no enfrentamento de crises sanitárias.
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