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Safra de milho deve garantir recorde de produção de etanol no Brasil

Jachsson Beal

Para os produtores, o etanol de milho representa um casamento perfeito com o setor sucroenergético


A safra de milho 2024/2025, cuja temporada deverá finalizar em março, promete um novo recorde histórico para a produção de etanol do Centro-Sul, apesar de uma queda na colheita da cana-de-açúcar. O milho pode sustentar a oferta da matéria-prima para a fabricação do biocombustível.

 

Além de garantir proposta crescente, a produção de etanol de milho, com vários projetos entrando em operação ou em construção no Brasil, tem permitido que o país registre simultaneamente recordes de exportação de açúcar, como aconteceu em 2024, apesar de uma safra menor de cana ante a máxima histórica de 2023.

Isso possibilita ainda que o país avalie uma ampliação da mistura de etanol anidro de 27% para 30% em 2025, disse o presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco.

 

“Se não fosse o etanol de milho ter incorporado 8 bilhões de litros ao mercado, teríamos um colapso de abastecimento. Não estaríamos falando em aumento de mistura (de etanol na gasolina). O setor estaria falando em baixar a mistura”, afirma Nolasco. O presidente da Unem disse que a produção de etanol de milho do Centro-Sul vai fechar 2024/25 com 200 milhões de litros acima das expectativas, para cerca de 8,2 bilhões de litros, em função de ampliação de fluxos de produção e adiantamento do início de operações de novas unidades.

 

Tal volume representa um crescimento na produção de etanol de milho perto de 30% ante a temporada 2023/2024, que registrou 6,4 bilhões de litros, segundo o dirigente. Com esse crescimento da produção de etanol de milho, a indústria de cana tem oportunidades de aproveitar melhor o mercado do açúcar, notou ele. “O etanol de milho e de grãos é um casamento perfeito com o setor sucroenergético”, destacou. Nolasco estima que a produção de etanol de milho deverá superar 2 bilhões de litros entre janeiro e março de 2025, garantindo oferta do combustível na entressafra de cana.

 

Até 1º de janeiro, a produção de etanol (de cana e milho) havia crescido 3% no acumulado da safra 2024/2025 ante a temporada anterior, para 32,4 bilhões de litros, com impulso do aumento da produção do biocombustível a partir do cereal, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

O recorde anterior foi registrado na safra passada, com produção de 33,6 bilhões de litros no Centro-Sul do Brasil entre abril de 2023 e março de 2024.

 

Um aumento de 1% na destinação de cana para a fabricação de etanol em 2024/25, a 51,84%, também impulsionou os volumes do combustível no acumulado da safra. Por outro lado, a moagem de cana no mesmo período recuou 4,75%, para 613,6 milhões de toneladas. Questionada sobre o assunto, a Unica declara que, “se o etanol de milho seguir o ritmo de produção, esta safra encerrará com volume recorde na produção de etanol”.

 

Do total de etanol obtido na segunda quinzena de dezembro, 82,79% foram fabricados a partir do milho, registrando produção de 402,08 milhões de litros, afirmou a Unica em relatório na véspera, comentando sobre o período em que a maioria das usinas de cana para na entressafra.

 

O diretor de inteligência setorial da Unica, Luciano Rodrigues, certifica: “conforto para o abastecimento do mercado interno durante a entressafra”, apesar de vendas quase 12% maiores em 2024/25 em relação ao mesmo período do ciclo passado, para 26,78 bilhões de litros, considerando etanol anidro e hidratado (usado pelos carros flex). “A despeito da menor moagem de cana-de-açúcar, as vendas de etanol foram sustentadas pela maior oferta do biocombustível fabricado a partir do milho, pelo menor nível de exportação, pela menor proporção de cana-de-açúcar direcionada à fabricação de açúcar e pelos estoques de passagem mais elevados no início do ciclo 2024/2025”, diz.

 

Mistura maior - Nolasco, da Unem, informa que o setor está confiante que o governo vai elevar a mistura de etanol anidro na gasolina, já que conta com oferta adequada para implementar uma política pública definida na lei do Combustível do Futuro. Ele disse que a mistura de 30% de etanol na gasolina está em fase de testes e que o setor tem expectativa de que até o início da próxima safra, em abril, o governo consiga regular a questão.

 

“O aumento da mistura poderia acontecer imediatamente após a comprovação dos testes”, sustenta, estimando que o movimento poderia ampliar em cerca de 1,5 bilhão de litros o mercado para o etanol no Brasil. O executivo evita fazer projeções para a safra 2025/2026, lembrando que os empreendimentos que entrarão em operação vão fortalecer a produção dos grãos secos de destilaria (DDGs), coproduto da fabricação de etanol.

 

Esses farelos de milho, que deverão fechar a safra com produção de cerca de 4 milhões de toneladas, são usados como matéria-prima da ração animal. Do total, o país exportará cerca de 800 mil toneladas.

 

(Fonte: Unem – Única – Adaptado pela Equipe Meu Agro)

 

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